A batalha que o mundo artístico enfrenta contra a explosão de produtos culturais reprodutíveis e de fácil assimilação; por vezes ganha alguns soldados importantes, como os portugueses da Companhia do Chapitô. Não deve existir história mais escrita, encenada, filmada, e representada em esculturas, como a que O Grande Criador desenvolve em cena. No entanto, a exploração do Teatro do Gesto ou Teatro Físico, como forma de desmistificação, para dar imaginação ao telespectador, mostra-nos uma notável adaptação cênica.
A comédia é de criação coletiva e compõe a Trilogia de Reciclagem do grupo português; que já montou “Dom Quixote” e “Talvez Camões”. Nela, os atores Jorge Cruz, José Carlos Garcia e Rui Rebelo precisam apenas de algumas caixas vazias e poucos adereços para recriar a história da criação humana e doar à mesma um ar menos mítico e sublime. Outras tantas produções já tentaram caracterizar as passagens bíblicas com contornos de comédia e escracho. Aqui no Estado, por exemplo, Vixe Maria! Deus e o Diabo na Bahia tentou aproximar o “divino”, dando expressões culturais locais aos personagens.
Em O Grande Criador, John Mowat, que dirige o espetáculo, opera uma desconstrução simbólica no universo de percepção pública. Os dogmas cristãos são transgredidos, sem, no entanto, rasgar ofensas a qualquer apego e beatismo pessoal. O cenário compõe criteriosamente esse objetivo, fazendo com que as caixas vazias e os adereços remetam às passagens bíblicas representadas, além de dar irreverência e sátira à montagem.
Criado este ambiente, a peça constrói uma crítica ao insucesso de Deus na criação do ser humano. As passagens de Adão e Eva, Noé, Moisés ou do nascimento à crucificação de cristo, apresentam inúmeras tentativas de “ensinar” este novo ser. Mas todas as imperfeições, inerentes ao homem, são ratificadas quando o próprio criador abandona sua criatura, fazendo-nos pensar sobre os caminhos traçados para nós mesmos.
A comédia é de criação coletiva e compõe a Trilogia de Reciclagem do grupo português; que já montou “Dom Quixote” e “Talvez Camões”. Nela, os atores Jorge Cruz, José Carlos Garcia e Rui Rebelo precisam apenas de algumas caixas vazias e poucos adereços para recriar a história da criação humana e doar à mesma um ar menos mítico e sublime. Outras tantas produções já tentaram caracterizar as passagens bíblicas com contornos de comédia e escracho. Aqui no Estado, por exemplo, Vixe Maria! Deus e o Diabo na Bahia tentou aproximar o “divino”, dando expressões culturais locais aos personagens.
Em O Grande Criador, John Mowat, que dirige o espetáculo, opera uma desconstrução simbólica no universo de percepção pública. Os dogmas cristãos são transgredidos, sem, no entanto, rasgar ofensas a qualquer apego e beatismo pessoal. O cenário compõe criteriosamente esse objetivo, fazendo com que as caixas vazias e os adereços remetam às passagens bíblicas representadas, além de dar irreverência e sátira à montagem.
Criado este ambiente, a peça constrói uma crítica ao insucesso de Deus na criação do ser humano. As passagens de Adão e Eva, Noé, Moisés ou do nascimento à crucificação de cristo, apresentam inúmeras tentativas de “ensinar” este novo ser. Mas todas as imperfeições, inerentes ao homem, são ratificadas quando o próprio criador abandona sua criatura, fazendo-nos pensar sobre os caminhos traçados para nós mesmos.
O espetáculo foi exibido no Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, realizado de 24 a 31 de outubro, em Salvador e Região Metropolitana.
3 comentários:
Cumprimentos de Deus que se converteu ao candomblé.
Fiquei feliz por encontrar seu texto sobre O Grande Criador. Muito bem escrito.
Amigo Vitor, grande abraço do Arcanjo Gabriel.
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