terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Última Parada 174


A partir dos “cacos” e da história de duas vidas, acompanhamos a montagem de um quebra-cabeça, que desvenda uma única verdade: a realidade brasileira. Melhor dizendo... Nossa virtualidade. É algo que existe e que conhecemos, mas não percebemos (??). Não ao menos até a próxima sinaleira: Ei, psiu! Cuidado... Feche o vidro!

Última Parada 174 (Brasil-2008, Direção: Bruno Barreto) é diferente da película produzida por José Padilha (Ônibus 174, Brasil 2002), por apostar em uma linguagem cinematográfica mais preocupada com os elementos fílmicos de amarração e continuidade - já que Padilha apostou em um documentário de investigação jornalística. As histórias de Sandro (Michel Gomes) e Alessandro (Marcello Melo Jr.) se misturam, até formarem uma só. Uma peça que ganha desdobramentos nos inúmeros cotidianos de cada jovem acostumado com a vida do crime.

Revelar traumas e explicar motivos sempre foi uma tarefa de muita cautela no cinema. Mais árdua ainda, é a necessidade de construir subsídios que façam com que os espectadores recordem e conectem as causas e efeitos da cena. Bruno Barreto consegue criar a teia que interliga cada clímax da trama, com apenas um copo... Um copo de ira e um copo de violência.

Parece que esse tema, na grande tela, ganha uma riqueza impressionante de edição e narração fílmica. Pequenos elementos - como a faca e o corte na cena inicial de Cidade de Deus (Brasil, 2002. Direção: Fernando Meirelles) – têm conseguido decodificar uma realidade intragável.

Alguns ainda expressam repulsa. Outros condenam o exagero. No entanto, o cinema da violência, que no Brasil, tem o plano de fundo dos problemas sociais, tem nos apresentado uma linguagem cinematográfica ousada e de fácil aceitação pública. As controvérsias estão por aí... Bruno Barreto escolheu sua posição e fez um filme. Você pode escolher a sua... Ou, se preferir, deslizar para a “prateleira” dos filmes de comédia.


Em Exibição na Sala:

3 comentários:

Anônimo disse...

Bem, não tive a oportunidade de assistir ao filme, no entanto ficou a vontade...pretendo sacia-la...rs .Fatos que se inserem na realidade brasileira...tão perto e tão longe de nós.Por vezes se tornam tão distantes que precisamos ir a tela do cinema pra vê-los. Assistimos a nossa realidade através de uma tela. Que irônico...somos espectadores da nossa história...nossa história coletiva...não nos construímos só...nos delineamos a partir de uma história pessoal entrelaçada com a história do outro, nos percebemos através do outro também... E agora? Quem seremos? Espectadores? Atores? Diretores? Sairemos do cinema e o filme continua... Preciso pensar que papel assumirei. Acho que a leitura desse texto me incitou reflexões e apesar de ainda não ter assistido ao filme a forma como o descreve é provocante e deixa o “sabor” da curiosidade.

Mayrant Gallo disse...

Victor, vim aqui sob a orientação do Carlos Barbosa (que sabe o quanto gosto de cinema) e gostei do que li e vi. Já linquei no meu blogue. Abraço, Mayrant.

Anônimo disse...

Passei por aqui por indicação do Carlos Barbosa. Ele tem razão, muito bons os seus textos. Abr. M.