terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Queime Depois de Ler


Diferente... Os irmãos Coen têm se acostumado a traduzir esta característica nos filmes que vêm produzindo. Foi assim com Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country for Old Man, EUA, 2007). Um drama que fez algumas pessoas sairem das salas de cinema antes do fim, mas que também ganhou sensatos aplausos, culminando com o Oscar 2008 de melhor filme.

Em Queime Depois de Ler (Burn After Reading, EUA, Reuno Unido e França, 2008), o gênero muda e o desafio do inusitado aumenta. Entretanto, os irmãos conseguem construir uma história que pode ter conquistado pequena parcela, mas mostrou que perdido entre os inúmeros enlatados, ainda encontramos vida pensante na comédia americana.

Chad Feldheimer (Brad Pitt) é um funcionário da rede de academias Hardbodies Fitness, que descobre que tem em mãos um CD com relatos de um analista da CIA, material acidentalmente encontrado na academia. O conteúdo pertence a Osborne Cox (John Malckovich), que recentemente demitiu-se da inteligência americana e decidiu fazer um livro de memórias com segredos do governo. Chad planeja faturar com a venda destas informações e junto com Linda Litzke (Frances McDormand) - colega de trabalho que vê a oportunidade de conseguir dinheiro para a tão sonhada cirurgia plástica -vão transformar essa busca em uma hilária rede de confusões.

Para "apimentar", Ethan Coen e Joel Coen acrescentam à trama relações amorosas decadentes e tragédias inconsequentes, que farão do filme uma satírica reflexão sobre os encontros e desencontros da vida.

Queime Depois de Ler pode servir para rirmos do inusitado ou para rirmos da "inteligência americana". Talvez, sirva mais para observarmos pequenas coisas do cotidiano, às quais damos atenção e preocupação excessiva. Como diria "Pablo Neruda" em O Carteiro e o Poeta (Il Postino, Itália 1994), o filme "fala através de metáforas".


Em Exibição na Sala:


Um comentário:

Anônimo disse...

O filme é mesmo genial, pois consegue fazer críticas ao mesmo tempo que diverte. Tudo mostrado da forma mais irônica possível.
Já que o cinema é uma arte que possibilita analogias e que elas estão aqui permitidas, vide a citação de Pablo Neruda, comparo o filme ao clipe "Sabotage" do Beastie Boys. É a concretização da máxima "tempestade num copo d'água" e suas consequências.